RECOMENDAÇÕES PARA ESCOLA E PROFESSORES

Pode parecer assustador para um professor ter um aluno com hemofilia, mas a  informação é o melhor instrumento para evitar que a criança seja colocada em situações de risco.

O fundamental é que a equipe da escola mantenha um relacionamento positivo e aberto com os pais da criança, de modo a compreender quais são os cuidados que devem ser tomados com ela, considerando preliminarmente que ela pode e deve seguir um ensino padronizado.

Um sangramento externo é facilmente detectado. No entanto, os mais comuns são os sangramentos internos, como os que ocorrem nas articulações e músculos.

Alguns sinais que podem indicar o início de um sangramento articular ou muscular, em geral, não são percebidos pelas crianças. Elas desenvolvem a autopercepção e autoconsciência corporal durante a infância e só na pré-adolescência, em geral, são capazes de identificar sozinhas os sinais de um sangramento. No entanto, existem sinais externos que a criança demonstra que podem indicar um sangramento interno. São eles:

  • Quando a criança caminha de modo diferente, mancando ou pisando torto;
  • Quando a criança poupa alguma parte do corpo, como mão ou braço, evitando usa-los normalmente;
  • Quando a criança apresenta dificuldade de dobrar ou de esticar um dos braços ou pernas;
  • Se há algum músculo ou articulação contraído ou inchado e se este membro está dolorido ou de difícil movimentação;
  • Se há inchaço ou manchas roxas na pele em alguma parte do corpo.

Dificilmente se enxergam manchas roxas no sangramento muscular ou articular,  porque são mais profundos que o sangramento subcutâneo. No entanto, são sangramentos que necessitam de mais cuidados e atenção. Por isso, estes comportamentos descritos acima devem ser observados e comunicados aos pais.

Uma criança com hemofilia na escola deve receber o mesmo tratamento e atenção que as demais crianças, mas precisa de alguns cuidados adicionais, que variam de acordo com cada situação:

Pequenos cortes ou hematomas: se os ferimentos ou hematomas forem pequenos, em geral não há necessidade de reposição de fator. Um curativo compressivo e uma compressa de gelo por 15 a 20 minutos, envolvendo o gelo com um tecido, para não lesionar a pele, resolverão o problema. Se não houver melhora, contate os pais para que procurem o médico.

Sangramento no nariz: Em sangramentos nasais, as primeiras medidas são abaixar a cabeça em direção ao tórax para que a criança não engula o sangue, fazer compressão na narina do lado ferido e colocar compressa de gelo na testa, envolvendo o gelo com um tecido, para não lesionar a pele. O uso de antifibrinolítico como ácido tranexâmico pode ajudar na hemostasia. Se não houver melhora, há necessidade de reposição de fator.

Sangramento na boca: comuns em crianças, que podem ferir os lábios ou a mucosa da boca no caso de quedas acidentais; pode também haver ruptura do frênulo da língua ou lábios. Nesses casos, há necessidade de reposição de fator, principalmente em crianças pequenas, pela perda excessiva de sangue. Também pode ser necessária a realização de sutura ou outros cuidados locais. Os pais devem ser contatados imediatamente.

Hematúria: é o sangramento de vias urinárias. Precisa de avaliação médica para conduta adequada. Em geral, não é um sangramento grave e nem sempre necessita de reposição de fator, mas é preciso investigar a causa. Recomenda-se hidratação intensa, repouso e analgésicos, uma vez que pode haver dor pela possibilidade de formação de pequenos coágulos. O uso de antifibrinolítico como o ácido tranexâmico está contraindicado. Os pais devem ser contatados para que consultem o médico.

Sangramentos moderados: caso ocorram em articulações e músculos, é necessária a reposição de fator o mais rápido possível, entre duas e seis horas, de forma a reduzir sangramento, dor, edema e o dano local, permitindo um retorno mais rápido às atividades normais. Os pais devem ser contatados e deve-se fazer compressas com gelo no local.

Caso a criança esteja com um sangramento articular ou muscular mas, já tenha vindo medicada de casa, ela deverá manter certo repouso do membro afetado pelo sangramento por alguns dias. Neste caso, caberá à escola propor atividades que substituam a educação física, se neste dia esta atividade estiver prevista, de modo a ocupar a criança, sem fazê-la se sentir à margem do grupo.

Os pais da criança com hemofilia devem ser contatados imediatamente em caso de traumas que possam levar a sangramentos maiores.

São considerados sangramentos maiores os que ocorrem:

  • Trato gastrointestinal (estômago e intestinos);
  • Cabeça, tórax e abdômen (por lesionarem órgãos vitais);
  • Região do pescoço e garganta (porque podem levar à obstrução na respiração);
  • Músculo iliopsoas, panturrilhas e antebraços (por lesão de vasos e nervos devido à compressão)

Traumas em qualquer destas regiões, acompanhados de um dos sintomas abaixo, são situações de emergência.

Sintomas de sangramento intracraniano:

  • Dor de cabeça
  • Náuseas
  • Vômitos
  • Irritabilidade
  • Sonolência
  • Convulsões
  • Perda da consciência
  • Dificuldade de caminhar
  • Perda da coordenação motora
  • Rigidez no pescoço

Estes sangramentos requerem tratamento imediato, com reposição de fator e acompanhamento médico, e o paciente deve ser levado ao centro especializado no tratamento de hemofilia mais próximo ou a um serviço médico de urgência imediatamente, informando ser uma pessoa com hemofilia.

Este Material foi produzido pela ABRAPHEM, e tem como objetivo oferecer às instituições de ensino orientações importantes a respeito do acolhimento aos alunos com hemofilia, informações sobre a coagulopatia e o manejo desta em casos de intercorrência com o aluno.

Clique na imagem abaixo e baixe o material.

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