Tratamento Ortopédico

O Tratamento Ortopédico se faz necessário para as pessoas com hemofilia, apesar de ser uma doença hematológica, pois os sangramentos mais comuns ocorrem nas articulações, tornando-a uma condição que impacta o sistema musculoesquelético. Avaliações ortopédicas detalhadas são essenciais para pessoas com coagulopatias ao longo de suas vidas.

A expectativa é que pessoas com hemofilia que recebam tratamento profilático não desenvolvam degenerações articulares. Entretanto, no Brasil, muitos pacientes não tiveram acesso a esse tratamento na infância e, mesmo aqueles que o têm, podem apresentar alterações articulares se a profilaxia não for administrada na dose e frequência adequadas, não impedindo as hemorragias intra-articulares (hemartroses).

A degeneração articular tem início com a hemartrose, podendo transformar a articulação em uma “articulação-alvo”, se não tratada adequadamente. Em casos de insucesso no tratamento da articulação-alvo, os danos na cartilagem, ossos e ligamentos evoluem para a artropatia hemofílica. Nesse ponto, na maioria dos casos, as únicas opções de tratamento são intervenções cirúrgicas.

Cirurgias e outros procedimentos invasivos apresentam riscos específicos para pessoas com hemofilia ou outras coagulopatias. A segurança desses procedimentos depende do suporte laboratorial adequado, planejamento pré-operatório cuidadoso, garantia de hemostasia com quantidade suficiente de fatores de coagulação e outros produtos hemostáticos durante e após a cirurgia, bem como uma recuperação e reabilitação pós-operatórias ideais.

Uma avaliação criteriosa, conduzida por uma equipe composta por hematologistas, ortopedistas e fisioterapeutas familiarizados com a hemofilia e o histórico do paciente, é fundamental para considerar a possibilidade de intervenção cirúrgica em pessoas com coagulopatia.

Qualquer procedimento cirúrgico deve ser precedido por avaliações do inibidor, status sorológico do paciente e função hepática para um planejamento adequado. Os procedimentos devem ser escolhidos com base no histórico do paciente, presença ou ausência de inibidores, perfil hemorrágico, condições de reabilitação pós-cirúrgica e situação laboral.

O hematologista e o fisioterapeuta desempenham um papel ativo no planejamento para garantir que o pré e o pós-operatório sejam realizados de maneira adequada.

As cirurgias são classificadas em pequeno porte (anestesia local ou sedação leve), médio porte (sedação e internação, com baixo risco hemorrágico) e grande porte (maior risco hemorrágico ou procedimentos extensos). O planejamento pré e pós-operatório é essencial para cada tipo de cirurgia, com interação entre a equipe médica, paciente e família para as melhores opções de intervenção em cada caso específico.

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